Li isso no face, e achei uma matéria muito inteligente e de tamanha importância, sendo assim, resolvi publicar aqui para que mais e mais pessoas possam ler coisas do tipo que não são comuns no dia-a-dia, e que possa no mínimo levar as pessoas a pensarem, a onde foi parar nossa gentileza? Nosso amor ao próximo? E tantas outras coisas que se perderam com o tempo...Espero do fundo do meu coração que gostem e que pensem um pouquinho no significado dessa postagem.....
Natália Oliver...
” O CAFÉ DO PRÓXIMO ”
Foi em Praga , na República Tcheca , que surgiu o hábito do ” café pendente “.
Tudo começou com o personagem de um livro . Ele entra num bar , toma um café e , quando vem a conta , ele paga dois , explicando para a garçonete : ” Pago o meu e deixo um pendente ” . Inaugurou-se assim o costume de se deixar pago dois , para o caso de surgir alguém sem trocado para um cafezinho . A Livraria Argumento . do Rio , que tem em suas dependências o charmoso Café Severino , adotou esse esquema , rebatizando-o de ” café do próximo ” . Colocou um quadro-negro na entrada e ali vai anotando todos os cafés pendentes do dia , aqueles que já foram pagos . às vezes tem dois , às vezes três , às vezes nenhum . Quem chega sem grana e vê ali no quadro que há um café pendente , pode pedi-lo sem constrangimento . Quando voltar outro dia , com dinheiro , poderá , se quiser , pagar dois e retribuir a gentileza para o próximo desprevenido . E assim mantém-se a corrente , e ninguém fica sem café .
Num país como o nosso , com tanta gente passando dificuldades e com governantes tão desinteressados no bem estar social , essa história me pareceu quase uma parábola . Num cantinho do Rio de Janeiro , uns pagam os cafés dos outros , colocando em prática o tam ” fazer o bem sem olhar a quem ” . Claro que é apenas um charme que a livraria oferece , sem pretensão de mudar o mundo , mas eu fico pensando que esse tipo de mentalidade poderia ser mais propagado entre nós . Imagine se a moda pega em açougues , mercados , cinemas . Você compra seis salsichões e paga sete , deixando um pendente . Você faz as compras no mercado e deixa dois quilos de arroz pendentes . Vai ao cinema e , em vez de comprar uma entrada , compra duas . Em todos os estabelecimentos comerciais do país , haveria um quadro-negro avisando as pendências destinadas ao próximo . Não soluciona nada , mas é simpático .
Tá bom , eu sei , posso até ver a confusão . Uns não iriam topar deixar pago nem um copo d´água para estes ” vagabundos que não trabalham ” . Alguns comerciantes rejeitariam a proposta sob o argumento de que ” meu estabelecimento vai ficar cheio de mendigos ” . Realmente , talvez não seja uma boa idéia para ganhar as ruas , ao menos não num país onde a carência é tanta , a falta de segurança é tanta , a desordem é tanta e a malandragem , nem se fala . Melhor deixar o ” café do próximo ” como um charme a mais dentro de uma livraria carioca . Mas de uma coisa não tenho dúvida : esse exemplo pequeníssimo de boa vontade terá que um dia ser ampliado por todos nós . Vai ter uma hora em que a gente vai ter que parar de blábláblá e fazer alguma coisa de fato . Ou a gente estende a mão pro tal do próximo , ou o próximo vai continuar exigindo o dele com uma faca apontada pra nossa garganta . Esperar alguma atitude vinda de Brasília ? Aqueles não são os próximos , aqueles são os cada vez mais distantes . Deles não esperemos nada . Ou a sociedade se mexe e estabelece novas formas de convívio social , com idéias simples , mas operacionais , ou o café do próximo vai nos custar cada vez mais caro .
Martha Medeiros